Os Idosos também são gente

3 Idade e o dinheiro

23-04-2010 18:12

Com dinheiro no bolso, tempo livre e autonomia para gastá-lo, o potencial de consumo dos brasileiros que já passaram dos 60 anos começa a chamar atenção. Pesquisa concluída sobre o mercado da terceira idade, do Instituto Somatório, revela que essa faixa etária tem renda mensal de R$ 7,5 bilhões, que corresponde a 15% dos rendimentos dos domicílios do País. Quase a totalidade dessa população (93%) tem renda própria.

"A pesquisa quebrou vários estereótipos negativos em relação à população da terceira idade", afirma Marcelo Guerra, director do instituto de pesquisas e responsável pelo estudo. Ele faz referência à imagem do idoso dependente financeiramente e sem poder de decisão. A pesquisa entrevistou cerca de 1.500 pessoas com mais de 60 anos, de todas as classes sociais, em dez centros urbanos do País, em Outubro do ano passado.

Um dos dados que chamam a atenção é o papel que a população com mais de 60 anos de idade desempenha na renda familiar. De acordo com o estudo, esse grupo responde, em média, por nada menos do que 71% da renda familiar total. Essa participação aumenta de forma significativa quanto menor o poder aquisitivo da classe económica.

Na classe A, por exemplo, eles contribuem para 55% da renda familiar; na classe B, essa participação sobe para 59%; na classe C, para 72%; na classe D, chega a 88%. A classificação social usada pela pesquisa é o Critério Brasil da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (ABEP), que considera não só a renda, mas a posse de bens, as condições de moradia e a escolaridade.

Além de ter papel fundamental no orçamento, a pesquisa mostra que essa fatia da população gasta mais com despesas corriqueiras, como alimentação, quando vive sozinha. Nos lares dos sessentões solitários, o gasto com alimentação chega a ser duas vezes maior do que a despesa desse mesmo indivíduo quando mora com a família.

De acordo com a pesquisa, a despesa mensal com alimentação de um sênior solitário (solteiros, viúvos e descasados) é, em média, de R$ 281. Quando ele mora com a família ou parentes, o desembolso cai para R$ 123. Guerra explica que essa diferença decorre do fato de os solitários se darem ao luxo de consumir produtos de marca.

Adolescentes. O quadro é semelhante quando se avaliam os gastos com telefonia. Pessoas com mais de 60 anos que moram sozinhas gastam, em média, R$ 66 por mês com telefone pelo fato de terem uma necessidade maior de se comunicar com parentes e amigos. Já quem vive com a família ou parentes desembolsa R$ 26, diz a pesquisa.

Os solitários da classe A, por exemplo, chegam a gastar, em média, R$ 189 por mês com telefonia. Os que moram com a família têm despesa mensal de R$ 56. "Os solitários dessa faixa etária gastam a mesma coisa ou até mais que um adolescente com telefone", diz Guerra.

Hábitos. Ao contrário do que se supõe, a população da terceira idade tem, guardadas as devidas proporções, hábitos de consumo semelhantes aos mais jovens e autonomia para isso. A enquete mostra, por exemplo, que 81% dos entrevistados se declararam totalmente independentes para suas tarefas quotidianas.

Ir ao shopping, por exemplo, faz parte da rotina: 30% dos entrevistados informaram que vão às compras, porém, com uma frequência menor do que os jovens. Esse percentual é mais elevado entre as mulheres idosas (36%). Viajar também é um dos desejos de consumo: 64% dos entrevistados declararam que costumam fazer turismo.

Praticar alguma actividade física diária ou semanalmente também é mais comum do que se pensa. A pesquisa mostra que 45% deles praticam algum exercício, seja em academia ou por conta própria. Além disso, 56% dos entrevistados informaram que lêem jornais e revistas.

Na opinião de Guerra, o mercado dos idosos é um filão ainda inexplorado porque faltam produtos e serviços adequados. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

https://br.noticias.yahoo.com

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