Os Idosos também são gente

Lares de idosos e insuficiências

27-01-2010 11:18

Numa das noites passadas, em casa, tocou o telefone. Atendeu-se e tratou-se de um engano. Uma senhora, muito atrapalhada por ter ligado para o telefone alheio, pediu desculpa e voltou a pedir desculpa.

Respondeu-se que não havia qualquer problema e que um engano acontece a qualquer pessoa, mas a senhora já estava acostumada a esses enganos e que muita gente não reagia muito bem!

A senhora residia em Faro e tinha necessidade de se libertar dos seus pensamentos, e sem saber, com quem falava, começou por dizer que tinha noventa e nove anos e encontrava-se sozinha na sua casa. A vista já lhe faltava e muitas vezes, marcava outros números.

Terminou desabafando, que com a idade de noventa e nove anos já não devia encontrar-se só na sua casa.

Esta é uma situação lamentável, que até por conhecimento, quando se pretendeu levar para um lar uma nonagenária, verificou-se, que a idade não contava e estabeleciam outras prioridades.

Se a idade da década dos noventa anos não conta, vai para a lista de espera, que seguindo o raciocínio de quem fez esta determinação, irá entrar depois dos cem anos!

Pensa-se, que estes lares sejam comparticipados por cada utente, mas os mais necessitados, nunca conseguem lá entrar ou se entram serão uma minoria.

Explicaram que a razão é que tinham que meter mais pessoal e aumentava a despesa, dando a concluir, que é o lucro à frente do social.

Verifica-se, que não há condições para acamados ou são reduzidas e os mais necessitados como nonagenários e esses acamados e situações semelhantes ficam afastados do ingresso, perante os outros, que dispõem de melhores condições físicas, incluindo, os que comem, dormem e até dão umas voltas. Assim sendo, se houver comparticipações, será para abranger na maioria os mais válidos, porque os mais necessitados terão o acesso dificultado pela alegada falta de condições. A idade não contar para um nonagenário, indo para a lista de espera, o que dizer a tão grande decisão?

A senhora de noventa e nove anos, que lamentava-se do isolamento, desconhece-se se já tentou algum lar, mas que a idade não conta, pelo menos em alguns lares é uma realidade.

A seguir ao 25 de Abril de 1974, escreveu-se que era urgente abrir lares de terceira idade e pensava-se, que jamais se tornaria a escrever sobre este assunto, mas infelizmente, voltou-se ao início, porque as insuficiências aumentaram e tornava-se preciso haver um estudo social, numa análise das verdadeiras realidades, que vá ao encontro das necessidades existentes para uma satisfação plena dos desejos das populações.

Por: Adérito Vaz

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